Que paixão  é Essa  que  Graça na Praça

    Há em mim o cansaço das pedras que de tanto
    Serem chutadas, pisoteadas.
    Amarguradas agradecem quando acham um
     Buraco para se esconder.
   
     Vão o chamar de lugar santo.
     Vão ficar ali longe do pranto.
     Longe de tudo que as queira alcançar.
     E não é para  as  abraçar, beijar,  amar.

     É para  as  queimar  até derreter.
     Querem-nas derretidas, a pó  reduzidas.
     Para não mais se atreverem a chegar perto
     Do alvo que miraram para nele se grudar.

     Não são de amar.
     Não chegam para somar, chegam para dividir.
     Para arrasar, para destruir. Chutar forte,
     Pisotear, e só parar quando a matar.

     De graça, espalham desgraça.
     Usam o amor como disfarce.
     Sabem disfarçar.
     Que paixão é essa que graça na praça.

     Que forma estranha de amar.
     Vulcões a espalhar ódio e dor por todo o lugar.
      Miram o alvo, queimam qualquer possível proteção.
      Depois o arrastam para a boca do vulcão.

                                Lita Moniz