Psicoses redondas

Danço, torto,

Ao ritmo das pedras

Que cantam ruídos doces.

Viajo, sem corpo,

Para terras lisérgicas,

Onde não encontro

O meu outro

E o que iria conosco.

Morro, sem desgosto,

Pois faço um conto

Em que o mundo todo

É um faz-de-conta

Para velhos toscos,

Rabujentos, ruminantes e reticentes

Que, recentemente,

Passaram dos trinta e poucos.

Não posso dizer que triste

É o meu definitivo sinônimo,

Antes sou aquele que existe

Sem estar, necessariamente, tristonho,

Carregando a tudo completamente

E que, bestamente, insiste

Na patética possibilidade

De que o peso ele aguente.

Mas não me queixo,

Apenas defino-me,

Admito,

Quase apaixonadamente,

Pois sou propenso

A certo masoquismo

E duas doses de

Megalomanias capengas,

Além de outras desconhecidas

Psicoses redondas,

Autismos atentos e

Esquizofrenias anêmicas.

30/04/2012

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 07/05/2012
Código do texto: T3654029