Psicoses redondas
Danço, torto,
Ao ritmo das pedras
Que cantam ruídos doces.
Viajo, sem corpo,
Para terras lisérgicas,
Onde não encontro
O meu outro
E o que iria conosco.
Morro, sem desgosto,
Pois faço um conto
Em que o mundo todo
É um faz-de-conta
Para velhos toscos,
Rabujentos, ruminantes e reticentes
Que, recentemente,
Passaram dos trinta e poucos.
Não posso dizer que triste
É o meu definitivo sinônimo,
Antes sou aquele que existe
Sem estar, necessariamente, tristonho,
Carregando a tudo completamente
E que, bestamente, insiste
Na patética possibilidade
De que o peso ele aguente.
Mas não me queixo,
Apenas defino-me,
Admito,
Quase apaixonadamente,
Pois sou propenso
A certo masoquismo
E duas doses de
Megalomanias capengas,
Além de outras desconhecidas
Psicoses redondas,
Autismos atentos e
Esquizofrenias anêmicas.
30/04/2012