Descobrindo as manhãs tarde demais

E, de novo, o amor passeou,

Charmoso, pelo jardim do vizinho

E pulou minha casa, indiferente;

Vergonhosamente, tentei alcançá-lo,

Direcionando, tristemente, meus braços

À sua longínqua presença nas alturas,

O que me fez cair de bunda no chão cruel e duro

Que mantêm meus pés longe dos sonhos.

É, o amor não me quer

No seu clube para sortudos,

Pensa em mim como um plebeu

Maltrapilho e semi-analfabeto,

Indigno do mágico prêmio

Que é tê-lo por perto.

Mas, quer saber?

O amor que se foda!

Descobri um poema com cheiro de veneno,

Que esmurrou meu rosto com um soco de renascimento

E me fez atolar totalmente

Num inútil, insano e mágico deslumbramento.

Também descobri cores tortas

Com gosto de iguarias alienígenas,

Que iniciaram a febre que livrou-me

De universos esnobes e falsas relíquias.

Também descobri que a lucidez equilibra-se

Em uma corda velha e finíssima

E que ela e a loucura são a mesmíssima,

Ambas fazendo parte do circo

Que se formou dentro de mim

E que, ininterruptamente,

Apresenta vários espetáculos

Sem fim.

30/04/2012

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 04/05/2012
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