Descobrindo as manhãs tarde demais
E, de novo, o amor passeou,
Charmoso, pelo jardim do vizinho
E pulou minha casa, indiferente;
Vergonhosamente, tentei alcançá-lo,
Direcionando, tristemente, meus braços
À sua longínqua presença nas alturas,
O que me fez cair de bunda no chão cruel e duro
Que mantêm meus pés longe dos sonhos.
É, o amor não me quer
No seu clube para sortudos,
Pensa em mim como um plebeu
Maltrapilho e semi-analfabeto,
Indigno do mágico prêmio
Que é tê-lo por perto.
Mas, quer saber?
O amor que se foda!
Descobri um poema com cheiro de veneno,
Que esmurrou meu rosto com um soco de renascimento
E me fez atolar totalmente
Num inútil, insano e mágico deslumbramento.
Também descobri cores tortas
Com gosto de iguarias alienígenas,
Que iniciaram a febre que livrou-me
De universos esnobes e falsas relíquias.
Também descobri que a lucidez equilibra-se
Em uma corda velha e finíssima
E que ela e a loucura são a mesmíssima,
Ambas fazendo parte do circo
Que se formou dentro de mim
E que, ininterruptamente,
Apresenta vários espetáculos
Sem fim.
30/04/2012