Dança da (des)confiança
Nenhuma forma de vida
Inferior superior ou indiferente
Deve admitir a ideia
De que de tua matéria
Pode irradiar falsidade
Ou miséria
Nenhuma possibilidade
De que tu rasgues a sinceridade
Deixando-a com o menor vestígio
De teatralidade
Deve ser acreditada como séria
No entanto eu desconfio até da
Admitida maldade
E por isso me condeno
A todos os tipos de
Ofensivas verdades
Despejadas pelos psicólogos
Que vêem em minhas
Desconfiadas atitudes
O reflexo de minha personalidade
Que coloca no próximo
As minhas próprias chagas
E insaciedades
Mas a ti nenhuma injúria atinge
Sem que ela torne-se calúnia
E profanidade
Por ti as flechas malignas
Dos arqueiros invejosos
Apodrecem em seus vôos
E nem o inferno as aceita
Pois tu pairas acima dos cumes celestes
E vestes atmosferas que fazem
Da nudez uma forma de santidade
E trazes em tua cabeça
Auréolas inéditas
Mais modernas
E eternas
Que quaisquer regras
Ou seitas
Tu ultrapassas a verdade
E pousas na outra realidade
Na qual não há necessidade
De frase ou debate
Pois que a tudo apenas admite-se
Sem sombra de contrariedade
Ou luz de desconfiança
No entanto eu sou mais desconfiado
Que toda a soma dos bichos do mato
Sou mais rato diante do gato
Que aqueles dos desenhos animados
E isso é fato
19/04/2012