Tempestade oral

Tempestades tropicais

Pensamentos fluviais

Umidade, idéias loucas

Um dilúvio delirante

Nuvens densas de levante

Nublam todo o céu da boca

Fortes ventos da poesia

A pronúncia prenuncia

Uma chuva de palavras

Quando a ira toma a alma

Devastando toda calma

Relampeiam palavrões

E no auge da catarse

Bradam cantos de impasse

Berros, trovas e trovões

Mas no fim do nevoeiro

Surge um céu de brigadeiro

De beijinho e brevidade

Vai passando a tempestade

Leve neve granulada

Mastigada com fervor

Agora de boca cheia

Não tem mais palavra feia

Relampeio já cessou

Cai só uma garoa pouca

A saliva gota a gota

Bota a boca em furor

*Essa poesia me causa certo estranhamento, acho que é porque ela é diferente de tudo que eu fiz. Meio que não me reconheço nela.