Em nome do Pai

Religião desnuda

envolta em sudários

brancos e rubros.

Um novo Messias conclama

doze apóstolos mirins

ao reino dos mortos.

O Pai e o Filho

não leem a carta de adeus

porquanto inexistem.

O espírito santo ao vivo

fala dos mortos

explorando a dor

em todos os canais.

A fé move montanhas,

move fanáticos

por um Deus que não se move,

não dispara

nem detém balas...

Arfo, sofro...

Pela janela da lembrança

vejo Realengo

e a velha casa de meu passado

aonde jamais voltarei:

Havia meninas na calçada.

Passavam anel, pediam balas...

Passava um carro em fuga

espalhando-as no asfalto.

Foi quando comecei a descrer de Deus

e de sua estranha mania

de deixar ir a si as criancinhas...

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 12/04/2012
Código do texto: T3608386
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