Em nome do Pai
Religião desnuda
envolta em sudários
brancos e rubros.
Um novo Messias conclama
doze apóstolos mirins
ao reino dos mortos.
O Pai e o Filho
não leem a carta de adeus
porquanto inexistem.
O espírito santo ao vivo
fala dos mortos
explorando a dor
em todos os canais.
A fé move montanhas,
move fanáticos
por um Deus que não se move,
não dispara
nem detém balas...
Arfo, sofro...
Pela janela da lembrança
vejo Realengo
e a velha casa de meu passado
aonde jamais voltarei:
Havia meninas na calçada.
Passavam anel, pediam balas...
Passava um carro em fuga
espalhando-as no asfalto.
Foi quando comecei a descrer de Deus
e de sua estranha mania
de deixar ir a si as criancinhas...