" DRAGÃO CHINÊS TATUADO NO BRAÇO ESQUERDO "

Já tive um dragão chinês

tatuado no braço esquerdo.

Era um dragão indomado, destemido,

colorido, cheio de libido, majestoso.

Cultivava o exercício da paixão,

como uma orquídea subjetiva,

cheia de estames, sexuado, audaz.

Ficava no braço esquerdo,

mas queria o plexo solar.

No exato momento, incandescente,

saltava sobre a presa incauta,

era um dragão voraz.

Lobos? Há tantos!,

Eu mesmo a rosnar terrível,

desamor também pode ser amor,

ainda que não crie laços.

Mantinha o recato.

Mas como há fome! Sempre!

O dragão dava botes traiçoeiros,

coisas de bicho, postas em mim

com garras traiçoeiras.

Soltava fogo como estrelas cadentes

que saiam pelas ventas.

O dragão, confesso, chamava-se desejo,

esquivo jeito perigoso, manhoso

de tratar os demônios compulsivos

dos desgovernos repentinos

do dragão chinês tatuado no braço esquerdo.

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 25/03/2012
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