" DRAGÃO CHINÊS TATUADO NO BRAÇO ESQUERDO "
Já tive um dragão chinês
tatuado no braço esquerdo.
Era um dragão indomado, destemido,
colorido, cheio de libido, majestoso.
Cultivava o exercício da paixão,
como uma orquídea subjetiva,
cheia de estames, sexuado, audaz.
Ficava no braço esquerdo,
mas queria o plexo solar.
No exato momento, incandescente,
saltava sobre a presa incauta,
era um dragão voraz.
Lobos? Há tantos!,
Eu mesmo a rosnar terrível,
desamor também pode ser amor,
ainda que não crie laços.
Mantinha o recato.
Mas como há fome! Sempre!
O dragão dava botes traiçoeiros,
coisas de bicho, postas em mim
com garras traiçoeiras.
Soltava fogo como estrelas cadentes
que saiam pelas ventas.
O dragão, confesso, chamava-se desejo,
esquivo jeito perigoso, manhoso
de tratar os demônios compulsivos
dos desgovernos repentinos
do dragão chinês tatuado no braço esquerdo.