" O TEMPO DAS CEREJAS "
Às vezes volta o tempo das cerejas:
os dias que voaram na brisa
que beijou a pele.
"Sabes?
Por vezes fica nos lábios
o rubor do sangue,
como se tivéssemos mordido o amor."*1
Comoção carnuda, melro, flores
o calor, sabor atemporal
do tempo da felicidade.
Ao anoitecer, mulher e homem
virão buscar o tempo das cerejas
que pousaram em suas bocas.
No tempo das cerejas
não ha dor,
nem sofrimento,
só o demasia dos caroços das cerejas
que pintaram os lábios
com vermelho rubro.
*1 Cecília Meireles.