" ARACNE " ( De 2007)
Suspensa no fio,
a aranha tece
e se aminha,
depois de pronta
a teia.
Fulge seu olhar na escuridão.
Aguarda a presa incauta,
lambendo as patas.
No salto sobre a presa,
tece o abismo do sonho,
mais real do que desperto.
Pálida, a caça aguarda
sua hora de entregar-se
sem surpresa, à fera.
Nos ardís noturnos,
há algo mais
do que possa ser
a sua meta de alimento.
Depois do bote,
nas arestas dos espinhos,
cumpre-se um rito de vazios.
Na abóboda infinita das esferas,
a aranha faz-se bela
em seu veludo negro,
pois sempre esteve
além do que é quimera..