ENTRUDO

gosto dos seus olhos sobre os meus

vêem aquilo que não vejo

vêm ávidos de amor e desejo,

na propícia expectativa do entrudo

quando todos deixam de ser o que não são

e são outros e próximos e verdadeiros

destarte as máscaras, as fantasias, a embriagues,

amo-te assim, e é o meu melhor amor por mim

quatro cantos de paixão

um poema impróprio e belo

pressupõe a marchinha que tudo é bom

e é, a gente é que aprende que não,

aprender é um vício, um ofício

a gente acha que sabe, e se perde

meu amor, a gente se perde

quando não é amor

quando o dragão desiste da luta

e a tirania é servida com creme de cogumelo,

vertigem

anelo

autofagia

qualquer paralelo é um constante

a gente distante se olha,

seus olhos entronizam os meus

o que fala meu olhar?

é carnaval,

dias de alegria pagã

o amor é sagrado

a alma ainda é sã

sou teu objeto amado

na avenida

na vida,

és minha alegoria

inspiração

de todos os dias...