Fé
O tempo sempre sujeito aos venenos
Tzinga olhou pra ele
E rodopiou
Rodou seu próprio corpo
Girou-o
Contorcendo-o todo
E desenhou no ar todo aquele desgosto!
Então cuspiu no chão!
E esperou secar
E percorreu sua própria sombra
E girou...
Deixou...
Deixou o próprio corpo sete vezes girar
Na gira
Bateu cabeça!
Relembrou cada ponto
Então cantou
As cantigas dos Mais-velhos!
E encarou
E desafiou todo o tempo...
Era mesmo desse jeito
Que a vida ia e vinha naquele lugar
O ano todinho!
Imagina trezentos e tantas vidas!
Um único destino
Então...
A cada cusparada
Uma idêntica anunciação
O nada de novo!
Outra vez aquilo tudo sempre...
Eta desgraceira!
Arre puta solidão!
As unhas e os dedos de Tzinga
O tempo levou
Os dentes
Os cabelos
Os peitos...
Tudo ao tempo cedeu!
A ori?
Essa não!
Ainda que a vida lhe trouxesse tantos dissabores...
Todo veneno!
Caramba!
Que troço medonho!
Que tempo!
Que entorta o cachimbo
Mas os Mais-Velhos não!
Que as encruzas não tolera
Mas a Mãe-preta o põe em banho-maria!
Cozinha-o sempre em fogo-brando
E a iaiá Tzinga?
Ah essa menina…
Ahahaha... Ah ah ah ah!
Essa?
Tempo nenhum num pode não!
A erezinha coloca tudo na roda
Põe todos pra girarem
E toma-lhes cantorias!
Rezas e preces e passes!
E simpatias!
E plantas e banhos!
E rodas e giras...
Tzinga benze as ervas no tempo
Pra tudo abençoar!