Preciso do Meu Espaço

Tudo que penso é nada
Dentro desta roupa apertada.
O pensamento se encolhe.
A alma se recolhe.

Preciso do meu espaço.
Preciso de nervos de aço.
Preciso acelerar o passo.
Preciso medir o que faço.

A roupa que ando a vestir
machuca o meu existir.
A tinta com que me querem
pintar está a me intoxicar.

Cresce em mim a febre de
Navegar.
E, se possível, para ir mais
longe, voar.

A minha alma divina não quer
que eu aceite esta sina.
Chega a se mostrar na ânsia de
Querer me ajudar.

Há almas que se aceitam como
São, outras não.
Vieram para transcender.
São aquele fogo de Camões

“ Que arde sem se ver”

Lita Moniz