Ouvindo Velvet Underground sem meus dois gatos
Onde, neste momento, suas garras deslizam?
Quais foram seus dois últimos sonhos tranqüilos
E quais os três últimos agitados?
Quais caças mais desejadas lhes foram inatingíveis?
Qual cão ousou lhes ser hostil ontem?
O que sentem a respeito da minha ausência?
O quanto lhes dói a falta da minha barriga?
Têm sido suficientes os afagos que recebem?
Conseguem perceber que houve uma pequena catástrofe?
Podem visualizar a mudança que se aproxima?
Conseguirão se adaptar a este novo roteiro?
Ainda continuam aventurando-se contra os sapos?
Ainda permanecem ronronando amizades?
Ah, meus doces amigos,
Não sentir o contato de minhas mãos suadas
Com seus pelos cadentes
Me faz visualizá-los infinitamente distantes,
E mesmo sabendo que estão bem, os vejo tristes,
Menos felinos-humanos e ainda mais afastados de felinos-felinos,
Os vejo taciturnos, indiferentes à ratos e bolas,
Acompanhados daquela dor aguda e profunda
Que os humanos rotularam de saudade.
02/02/2012