Ouvindo Velvet Underground sem meus dois gatos

Onde, neste momento, suas garras deslizam?

Quais foram seus dois últimos sonhos tranqüilos

E quais os três últimos agitados?

Quais caças mais desejadas lhes foram inatingíveis?

Qual cão ousou lhes ser hostil ontem?

O que sentem a respeito da minha ausência?

O quanto lhes dói a falta da minha barriga?

Têm sido suficientes os afagos que recebem?

Conseguem perceber que houve uma pequena catástrofe?

Podem visualizar a mudança que se aproxima?

Conseguirão se adaptar a este novo roteiro?

Ainda continuam aventurando-se contra os sapos?

Ainda permanecem ronronando amizades?

Ah, meus doces amigos,

Não sentir o contato de minhas mãos suadas

Com seus pelos cadentes

Me faz visualizá-los infinitamente distantes,

E mesmo sabendo que estão bem, os vejo tristes,

Menos felinos-humanos e ainda mais afastados de felinos-felinos,

Os vejo taciturnos, indiferentes à ratos e bolas,

Acompanhados daquela dor aguda e profunda

Que os humanos rotularam de saudade.

02/02/2012

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 14/02/2012
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