A jornada sem sentido
O que fazer com a felicidade que não vêm?
Vou adquiri-la por vinte reais.
Pedalando numa avenida de sonhos quebrados,
Escorrego em meu sangue e atropelo minha paz.
Rumo a uma casa de alvenaria e promessas,
Onde vive em núpcias um casal mutilado,
Sou minha sombra esquecendo a existência do corpo,
Sou a esperança com os membros fraturados.
Novamente a velha sonhadora saudade,
Exigindo da nostalgia uma atualização,
Vai chorando lágrimas quentes sobre um chão frio
E lembrando um futuro de imaginação.
Traga-me um pudim para a eternidade,
Ou melhor, não me traga, é melhor eu fazê-lo,
Sei fabricar tantas mentiras a curto prazo,
Sei cozinhar a vida com picantes temperos.
Agora que aquele casal foi enjaulado,
Eu rumo para outra casa, onde se venda abrigo,
Carregando na alma a ânsia e o calo
Da jornada sem senso da procura por sentido.
02/06/2008