A jornada sem sentido

O que fazer com a felicidade que não vêm?

Vou adquiri-la por vinte reais.

Pedalando numa avenida de sonhos quebrados,

Escorrego em meu sangue e atropelo minha paz.

Rumo a uma casa de alvenaria e promessas,

Onde vive em núpcias um casal mutilado,

Sou minha sombra esquecendo a existência do corpo,

Sou a esperança com os membros fraturados.

Novamente a velha sonhadora saudade,

Exigindo da nostalgia uma atualização,

Vai chorando lágrimas quentes sobre um chão frio

E lembrando um futuro de imaginação.

Traga-me um pudim para a eternidade,

Ou melhor, não me traga, é melhor eu fazê-lo,

Sei fabricar tantas mentiras a curto prazo,

Sei cozinhar a vida com picantes temperos.

Agora que aquele casal foi enjaulado,

Eu rumo para outra casa, onde se venda abrigo,

Carregando na alma a ânsia e o calo

Da jornada sem senso da procura por sentido.

02/06/2008

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 01/02/2012
Código do texto: T3474264