A Vida

A Vida

A vida é uma pena que voa.

Se fosse assim era boa.

Cair nos braços do fado, dançar.

Remar a favor da maré.

Deixar-se ir na corrente

sossegadamente.

O rio sempre deságua no mar

Ou noutro rio que também lá

Quer chegar.

Se a canoa parar, descer, colher

Flores do lugar, saborear o que a vida

Tem para nos dar.

E se a hora de amar estiver ali a esperar,

Como dois namorados, sem mais cuidados,

Só o amor a pedir mais beijos, mais abraços,

Mais braços, mais carícias.

Delícias do amor.

E o rio a esperar a força do cio passar.

Vamos jurar que o nosso amor será sem fim,

Enquanto eu gostar de ti, e tu morreres de amor

por mim.

Vamos jurar que quando a chama do amor se

Apagar, não vamos ficar a nos magoar.

Nem a lamentar.

Vamos sair da relação, antes de cair ao chão.

Como crianças arteiras a abusar das brincadeiras,

Deixar o lugar antes que vida comece a nos machucar.

Lita Moniz