Inventando existências

Sou o amante das coisas inúteis,

Embaraçado diante da gosma que produzo,

Tentando chutar para longe o prático e o rígido,

Pintando de preto e branco a ilusão colorida.

Sou o degolador das flores e das confeitarias,

Engasgado com pregos que tornam-se órgãos,

Vigiando a profundidade das sutilezas ásperas,

Sempre com calor, sempre com calos brutais.

Sou aquele que foi diagnosticado inerte,

O dançarino dos ritmos invisíveis e mortos,

O vigilante ausente da sensatez do combate,

O delegado humilhado pela massa disforme.

Sou o som vazio do rato acuado no canto,

Cujo lamento é inútil, mas necessário,

Também aparento certa semelhança com dragões

Extintos, ressucitados e logo esquecidos.

Sou todos os tipos de lamas e de espermas,

Embora me veja como pétalas carbonizadas,

Que desabam de rosas, cheias de independência,

Para logo depois entenderem-se equivocadas.

21/01/2012

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 24/01/2012
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