Das crenças no eterno
"Eu bem que quis acreditar na eternidade..."
E me pensei "ser de luz"
mas sou fogo-fátuo, mero efeito
do rarefeito gás emanado dos aterros
ou de enterros malfeitos
[sabe-se lá o leito final dado aos meus versos?].
Quis crer na eternidade
mas me vi meteorito e brilhei por um instante;
do espaço ao chão me fiz pó de estrela...
E a eternidade durou menos que nada - um átimo
da fissura do átomo - múon? sou isso?
trespassando corpos, almas, pensamentos?
Essa eternidade efêmera dos sonhos interrompidos
pelo estampido, pelo grito na noite de medos e estertores
ou da manhã que irrompe à luz do sol rompente,
rompante corcel trazendo o dia, o tédio, a monotonia
e essa melancolia de poeta aprendiz
tentando crer no não ter fim.