Soneto Nada Sentimental à Cidade de São Paulo
Xenofobia travestida em tuas ruas
contra destinos, nordestinos, diferentes
te torna exposta e sem resposta te insinuas;
mas não te cegas, nem renegas estas gentes.
Te desvarias noite e dia em cores cruas
nos desatinos que aos sem tino faz doentes;
mas não te cansas - sempre avanças, não recuas...
Segues sem culpas, sem desculpas, sempre em frente.
Viste o descaso com que os rasos governantes
abarrotaram, asfaltaram as tuas veias
mas inda anseias que elas fluam como dantes...
Sopras as velas das mazelas, mas se chove
neste Janeiro (o derradeiro?), em ruas cheias,
quem não flutua e quem não voa não se move.