A sombra da vitória

No dia em que eu compor

Uma canção que te emocione,

Darei por concluída toda a minha obra,

Abandonarei meu anseio

Por mágicas trituradas,

Esquecerei, feliz, todas as

Minhas tentativas sonâmbulas.

No dia em que eu te apedrejar

Com um poema que te marque

Com uma cicatriz,

Relaxarei como um ser vivo típico,

Deitarei sossegado e sem sono,

Serei tão completo que talvez

Até respire regularmente.

Não quero mais rasgar meu sangue

Para te sensibilizar,

Não vou mais deixar vazar

O pus da vida toda,

Calarei meus grunhidos inteligíveis,

Domesticarei a selvageria tímida

Dos meus ossos e nervos,

Libertarei o assassino que há em mim

Para que ele conheça, ao menos,

A sombra da vitória.

14/01/2012

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 16/01/2012
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