Certos dias incertos

Era sábado, eu ouvi falar sobre um desastre,

Mas minhas pernas balançam, elas querem dançar,

Trinta e sete mortos, o ônibus caiu na ribanceira,

Mas eu quero meus amigos dançando,

Quero meus amigos felizes fudendo.

Era domingo, a cidade vazia dormia de ressaca,

Era o dia ideal para se passear bêbado,

Ouvindo na sola dos sapatos as conversas invisíveis

Dos seres anteriores ao raciocínio.

(Infelizmente não chovia)

Era oito de agosto de dois mil e oito,

Me sentia como um inseto contente,

Amante da lâmpada e da ilusão da luz.

Tão bobo alegre,

Acenando para postes que nunca me viram

Ou me esqueceram,

Depositando meu corpo impaciente

No meio-fio de algum subúrbio

Cheio de crianças que me chamam de tio

E me humilham com piadas novinhas em folha.

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 29/12/2011
Código do texto: T3411845