Certos dias incertos
Era sábado, eu ouvi falar sobre um desastre,
Mas minhas pernas balançam, elas querem dançar,
Trinta e sete mortos, o ônibus caiu na ribanceira,
Mas eu quero meus amigos dançando,
Quero meus amigos felizes fudendo.
Era domingo, a cidade vazia dormia de ressaca,
Era o dia ideal para se passear bêbado,
Ouvindo na sola dos sapatos as conversas invisíveis
Dos seres anteriores ao raciocínio.
(Infelizmente não chovia)
Era oito de agosto de dois mil e oito,
Me sentia como um inseto contente,
Amante da lâmpada e da ilusão da luz.
Tão bobo alegre,
Acenando para postes que nunca me viram
Ou me esqueceram,
Depositando meu corpo impaciente
No meio-fio de algum subúrbio
Cheio de crianças que me chamam de tio
E me humilham com piadas novinhas em folha.