856 _ CAMBARÁ SOLITO (NATAL)

Tiritando com os ossos cortados pelo minuava

Gauderiava pelas imensidões solitas;

Deserto pampa de noite mui escura

Marcada ao longe pelo cambará

Que mais solito do que eu

Bebia a tristeza da noite fria.

Era nas vésperas, mas não tinha rumo

Estendi meus olhos pela vastidão,

Cheguei a ouvir o piar do quero-quero

Quando me fez memória dos meus dias pagos.

Abracei o velho e nodoso cambará

Lágrimas saíram de meus olhos mui cansados

E brilharam com o raio de luz que caia lá do céu.

Então cai de joelhos naquela terra bruta

Olhei dos pampas além

E vi lá longe, duas estrelas caídas do céu

Alumiando um bolicho abandonado

Mas que estava prenhe de luz.

Quedei o joelho naquela terra de minha gente,

Abri aboca numa prece alegre

Agradecendo ao patrão buenacho

Que fazia presépio naquele rincão

E ascendia o calor no peito deste gaudério

Que se esquecerá que era noite diferente,

Porque era a do menino Deus!

KÁTIA PÉROLA
Enviado por KÁTIA PÉROLA em 24/12/2011
Reeditado em 24/12/2011
Código do texto: T3404109
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