Canções hibernando

Não escrevo uma canção faz tempo,

Mas não sinto que a fonte tenha secado,

Quebrei meu violão em um acesso de fúria

E as canções estão dormindo no escuro.

Agora mesmo posso criar uma dúzia delas,

Mas não tenho vontade e não estou preparado,

Depois eu teria vergonha delas e as renegaria,

Então vou deixá-las borbulhando por dentro.

Quando quebrei o violão, alterado e raivoso,

Naquele momento poderia ter nascido uma,

Quando chorei sozinho, calado e sombrio,

Ali poderia ter surgido outra.

Acho que até do tédio pode emergir umazinha,

O tédio até mesmo pode ser uma motivação.

Mas agora não quero, não tenho nenhuma vontade...

Se bem que até da indiferença poderia brotar uma planta.

Mas deixa como está. Não quero nenhuma canção própria.

Tenho um milhão de outras de outros para ouvir,

E neste momento elas me soam tão melhores,

Que qualquer uma que eu escrevesse me soaria como lixo.

16/01/2010

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 12/12/2011
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