Erro e grito
Peço a mim mesmo para que me permita
Ao menos um gosto de liberdade,
Pois há por aqui um calabouço milenar
Onde fincaram alguns pregos
Enferrujados com cancerosas pragas.
Me admita a segurança prometida
Pela infância do outro escondido,
Aquele mundo ainda não foi destruído,
E a consciência ecológica é bem mais simples
Do que nos infelizes dias gritantes sem fugas.
Não sei como ser correto e linear,
Acho que as desistências poderiam
Me aproximar mais da paz,
Mas eu não tenho o dom da calmaria
E infelizmente minhas tempestades
Não fazem manhãs ensolaradas.
Em tudo há ainda o guri deslocado,
Em tudo permanece o atrapalhado vil
Que não conhece o gesto certo
Para ser o amante gentil e o amigo saudoso.
Em tudo há ainda o desnecessário silencioso
Que só se manifesta quando quem grita é o erro.
03/03/2010