Erro e grito

Peço a mim mesmo para que me permita

Ao menos um gosto de liberdade,

Pois há por aqui um calabouço milenar

Onde fincaram alguns pregos

Enferrujados com cancerosas pragas.

Me admita a segurança prometida

Pela infância do outro escondido,

Aquele mundo ainda não foi destruído,

E a consciência ecológica é bem mais simples

Do que nos infelizes dias gritantes sem fugas.

Não sei como ser correto e linear,

Acho que as desistências poderiam

Me aproximar mais da paz,

Mas eu não tenho o dom da calmaria

E infelizmente minhas tempestades

Não fazem manhãs ensolaradas.

Em tudo há ainda o guri deslocado,

Em tudo permanece o atrapalhado vil

Que não conhece o gesto certo

Para ser o amante gentil e o amigo saudoso.

Em tudo há ainda o desnecessário silencioso

Que só se manifesta quando quem grita é o erro.

03/03/2010

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 18/11/2011
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