Pesadelo (Poe no campo)

E as sombras insistem em permanecer,

Mesmo eu estando debaixo de árvores desfolhadas,

Paisagem monótona em tons cinza-fúnebres,

Natureza morta assombrando minh’alma.

Tenho a visão de um pequeno cemitério em um campo deserto,

Com túmulos antiqüíssimos que carregam retratos apagados,

Flores alvas que cresceram regadas por lágrimas

Contemplam-me, tristes, por todos os lados.

Imagens que se fundem, formando um surrealismo melancólico,

Penas de anjos, gemidos de almas, capins rastejantes,

Órfãos que, insistentes, tentam acender velas

E encontram, por obstáculo, o vento soberano e uivante.

Edgard Allan Poe, com seu corvo no ombro,

Escreve um poema, cabisbaixo e concentrado,

Rezes caladas e curiosas observam este caminhante

Que bêbado, cambaleante, passa desgovernado.

07/11/1999

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 17/11/2011
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