Parnasianismo
Ontem eu tentei ser parnasiano,
Rejeitar o romantismo suicida
Que me impele a ser um cu cagado;
Tentei descrever minha estante
Com detalhes matemáticos,
Tentei esquecer os instantes
Delirantes e inadequados.
Ontem eu quis ser prático,
Lógico, sólido, frio,
Ontem eu quis ter brio,
Abandonar o sarcófago
Que me envolvia;
Procurei coisas óbvias,
Sóbrias, não sombrias,
Posicionei-me rígido,
Fotogênico, emplumado,
Embora continuasse
Me sentindo longínquo.
Ontem eu tentei ser parnasiano,
Valorizar mais o vaso chinês
Que o buraco alienígena;
Mas tudo foi inútil e
O modernismo arcaico, mofado,
Enrugado, ultrapassado,
Grudou-se a mim com tanta aderência
Que me tornou impossível
Rimar ou amar de forma linear.
Então desisti
E aqui estou.
09/11/2011