Parnasianismo

Ontem eu tentei ser parnasiano,

Rejeitar o romantismo suicida

Que me impele a ser um cu cagado;

Tentei descrever minha estante

Com detalhes matemáticos,

Tentei esquecer os instantes

Delirantes e inadequados.

Ontem eu quis ser prático,

Lógico, sólido, frio,

Ontem eu quis ter brio,

Abandonar o sarcófago

Que me envolvia;

Procurei coisas óbvias,

Sóbrias, não sombrias,

Posicionei-me rígido,

Fotogênico, emplumado,

Embora continuasse

Me sentindo longínquo.

Ontem eu tentei ser parnasiano,

Valorizar mais o vaso chinês

Que o buraco alienígena;

Mas tudo foi inútil e

O modernismo arcaico, mofado,

Enrugado, ultrapassado,

Grudou-se a mim com tanta aderência

Que me tornou impossível

Rimar ou amar de forma linear.

Então desisti

E aqui estou.

09/11/2011

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 14/11/2011
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