Vaga-lumes
O sereno
Sobre meu olhar.
A neblina feito véu
Sobre as lâmpadas
Que iluminam as ruas.
O vento anuncia
A chegada da chuva
Os vaga-lumes brilham
Por entre as arvores do pomar.
Miro o céu
As nuvens
Prometem despencar do céu.
Há muita paz
Dentro de minha alma
Há paz em meu pensar.
Ouço vozes vindas das casas.
Ouço uma melodia
Vindo de longe
Nas ondas do vento.
Os vaga-lumes cruzam no pomar.
Da porta da cozinha
Sentada observando o nada.
Veio-me a lembrança de minha infância
Quando gritava:
“vaga lumes tem-tem,
Tua mãe ta aqui
E teu pai também
Comendo mingau
Na colher de pau".
E saiamos correndo
Com nossas garrafas
E com um pano na mão
Para arremessá-los ao chão.
E aprisioná-los.
Depois os contava.
Naquela época não tinha energia
A luz era lamparina.
Soltávamos todos dentro de casa.
E enfeitiçados por suas luzes adormecíamos
Havia tanta vida naquela infância.
Tantos hoje perfeitos e despreocupados.
Não tínhamos amanhas
Nossos pais os tinham guardados
Em suas mangas mágicas.
Agora essa brisa suave tocando meu rosto
Parece beijo de mãe, carinho que não se desfaz.
A jaqueira perfeita, a tempestade quebrou,
Sobraram poucos galhos, e o tronco imperador.
A vida é perfeita como a manga que despencou
Com o carinho do vento, se desfazendo no próprio tempo,
Tempo de nascer, crescer e amadurecer.
Quanta paz há nessa noite
Quanta paz em minha alma.
Alma desprendida, pronta para alçar vôos,
Vôos em direções incertas.
Minha alma calma
Minha paz quieta.
Preparada par o futuro incerto.