O QUE SABEMOS SENTIR

é poesia,

e quase recria a realidade possível!

andará um parnasiano a criticá-la

um moderno a reconhecê-la

um romântico a desejá-la.

as palavras são armas letais

aos sentimentos, mata aos imprecisos

protegendo àqueles que devem ser sentidos,

embora assim nunca saberemos quais os melhores,

é necessário que ambos vivam, convivam

que o medo e o prazer,

o proibido e o liberto,

o íntegro e o dúbio,

a procura e a fuga,

estejam juntos, se equivalendo, se comparando

para que um revele ao outro,

para que o gosto deste ressalte o daquele,

para que todas as nuances,

as possibilidades, sejam conhecidas.

a poesia (perigosa?) serve aos sentidos,

mas deve ela transcrever aquilo que sabemos sentir, e

não apenas o que queremos, ou mesmo o que negamos.

"iludi-me pensando que o gelo fosse mais real que a água."