Inutilidades práticas
A vontade dolorosa de escrever algo que preste
E a real presença da falta de inspiração,
Entre elas o senso do ridículo,
A sensação de que tudo é besteira.
Sentir as frases se formando lindamente
E acreditar que está nascendo
Uma maravilhosa promessa,
Depois deitar os olhos na coisa
E ver uma imbecilidade tão inútil.
No outro dia ir para o trabalho de novo,
Derrubar, bruscamente,
Qualquer ilusão de beleza,
Cumprir, pateta, a rotina malevolente.
E engolir, com fastio,
O pão nosso de cada dia.