MEUS AIS!

Os ais das minhas dores, que insistem em minha companhia,

Cada dia vêm mais fortes, me trazem melancolia...

As lágrimas do meu lamento, em silêncio, me corroem,

[Descem por todo o meu ser e, aos poucos, me destroem.

Minha vida vai passando, e eu caminhando sozinho,

Com paciência, desdenho das ingratidões do caminho [...]

Contra os fingimentos, eu luto com amor e com bondade,

Deixo até acreditarem que não percebo as maldades [...]

Bem aventurados aqueles que são, na Terra, humilhados,

Deus lhes dará o conforto e serão recompensados...

Por isso eu peço o perdão para quem me faz sofrer,

Aprendi o dom de amar e não vou retroceder.

Perdoar é dom divino, por isto eu vou cultivar.

Meus ais terão de esperar,primeiro, vou compreender

Os motivos dos açoites que vêm a me açoitar.

Quero entender os motivos

[Dos que fazem o próximo sofrer.

Procurarei as “razões” de tanta maldade humana,

Se puder, vou ajudar a estas vis criaturas,

Que têm a mente insana,

Jamais tiveram ternura.

Procurarei expandir o amor que trago em meu peito,

Dividirei minhas bênçãos com quem quiser ser feliz.

Doarei até um pouco deste amor, que é sem defeito,

Amor divino e puro que um dia tanto eu quis.

A quem me deseja o mal, eu lhe estenderei minha mão.

Quando de mim precisar, mesmo tendo me ferido,

Eu pedirei sempre ao Pai que lhe dê o seu perdão

E o recolha em seu seio, jamais o deixe perdido.

Meus ais, então, esquecerei, apenas vou apagar

As angústias, a tristeza e a dor.

As graves chagas do meu peito jamais quero recordar...

Darei todo o meu perdão

[Para quem me maltratou.

O autor é membro Efetivo da Academia Cachoeirense de Letras,

fundador e primeiro Presidente eleito da Casa da Cultura

de Cachoeiro de Itapemirim.

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