Apresentação felina
Sou apenas mais um vulto
quase solitário,
ao qual os humanos
convencionaram
chamar
de gato.
Convivo, entediado,
apenas com um
homem estranho,
que acredita,
piamente,
ser meu dono,
porém desconhece
minha soberana
superioridade.
Tudo bem,
orgulho-me de minha
arrogância,
pois nela concentra-se
toda a minha
essência
existencial
de
(tudo bem, para que
me compreendam)
gato.
Mas este rótulo
é insuficiente
para meu
catálogo,
sou bem mais
que miados,
elegâncias
e boatos,
sou bem mais
que as lendas
pelas quais
sou lembrado,
sou bem mais
coerente
que
praticamente
todos
os outros
rastejantes
que belezas arrotam,
enquanto apenas
confundem-se
entre si.
Eis aqui,
diante de ti
o suposto gato,
cinza,
grande,
belo,
sempre distante
de tuas ordens,
e caridoso
e piedoso
diante de
tuas ignorâncias
de homem.