Da alma

Meus sonhos flutuam, debatem-se, caem,

Cortinas escuras atravessam a direção dos meus sonhos,

O que era divino, transforma-se em deboche,

Disfarce, uniforme, coração com faca.

Existem mãos e braços nas proximidades,

Existem restos e pedaços ainda inteiros aqui,

Solidão entre povos, solidão solitária,

O eterno adeus ao que permanece.

O último gesto nas mãos do afogado,

O primeiro silêncio após o desastre,

A sombra crescendo, antes do tombo da árvore,

A inércia do corpo na velocidade da alma.

E o vento, que poderia varrer a areia,

Quer estacionar e deixar o vôo parado no ar.

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 10/10/2011
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