Além túmulo

Já vi a morte de perto várias vezes.

Não fui eu que morri,

Mas absorvi tudo do morto,

Menos o depois do pior ou melhor.

Estar morto e exposto à visão do público

È mil vezes mais triste do que o fato de morrer.

Um morto de mãos cruzadas e maquiado pela funerária

É humilhante, mesmo para aquele que nada vê.

E depois entrar numa tumba

E morar, quem sabe (alguém me livre),

Ao lado dum mausoléu.

Homenagens cheias de verdades vindas de gente que nada sabe...

E aquelas famílias que jogam cinzas

Como pombas da paz ...

Com o perdão da palavra,

Mas é um vôo tão deprimente.

Quando eu morrer,

Cavem uma cova bem rasa;

(Dois metros no máximo)

E deixem aquele resto apodrecer em paz.

E escrevam em minha lápide

(Isso eu copiei de um poeta)

_Gostei tanto de viver, que vou voltar fantasma.

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 10/10/2011
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