Além túmulo
Já vi a morte de perto várias vezes.
Não fui eu que morri,
Mas absorvi tudo do morto,
Menos o depois do pior ou melhor.
Estar morto e exposto à visão do público
È mil vezes mais triste do que o fato de morrer.
Um morto de mãos cruzadas e maquiado pela funerária
É humilhante, mesmo para aquele que nada vê.
E depois entrar numa tumba
E morar, quem sabe (alguém me livre),
Ao lado dum mausoléu.
Homenagens cheias de verdades vindas de gente que nada sabe...
E aquelas famílias que jogam cinzas
Como pombas da paz ...
Com o perdão da palavra,
Mas é um vôo tão deprimente.
Quando eu morrer,
Cavem uma cova bem rasa;
(Dois metros no máximo)
E deixem aquele resto apodrecer em paz.
E escrevam em minha lápide
(Isso eu copiei de um poeta)
_Gostei tanto de viver, que vou voltar fantasma.