Poetas punheteiros

Eu desprezo esses poetas que só versejam belezas,

Jamais ignorarei a feiúra nos meus poemas,

Mas onde melhor me adapto é no recheio,

É lá onde a vida grita em seus maiores devaneios.

Não me interessam muito os topos das alegrias ou das tristezas,

Prefiro encontrar nas brechas a substância dos meus temas,

Na existência plena que se encontra no meio

É de onde eu tiro a matéria, é onde eu chafurdo e peido.

Eu menosprezo esses poetas que mais parecem punheteiros,

Que desconhecem que de tudo pode nascer um poema,

E que se acreditam magos apenas porque se entediam,

E resolvem que são sublimes apenas porque caneteam.

Não me interessam os cumes, os épicos, os gênios,

O que me atrai são as cuspidas surgidas do cotidiano,

O que desejo em meu texto é aprender a fazer os desenhos

Das palavras e imagens que surgem em meu pensamento.

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 04/10/2011
Código do texto: T3256628