Poetas punheteiros
Eu desprezo esses poetas que só versejam belezas,
Jamais ignorarei a feiúra nos meus poemas,
Mas onde melhor me adapto é no recheio,
É lá onde a vida grita em seus maiores devaneios.
Não me interessam muito os topos das alegrias ou das tristezas,
Prefiro encontrar nas brechas a substância dos meus temas,
Na existência plena que se encontra no meio
É de onde eu tiro a matéria, é onde eu chafurdo e peido.
Eu menosprezo esses poetas que mais parecem punheteiros,
Que desconhecem que de tudo pode nascer um poema,
E que se acreditam magos apenas porque se entediam,
E resolvem que são sublimes apenas porque caneteam.
Não me interessam os cumes, os épicos, os gênios,
O que me atrai são as cuspidas surgidas do cotidiano,
O que desejo em meu texto é aprender a fazer os desenhos
Das palavras e imagens que surgem em meu pensamento.