Quarta feira cinza
Quarta feira chuvosa e eu me atolo nas tantas poças d´água,
Sinto a dor e o prazer por entre a lama e as palavras,
Que eu, com desatenção dolorida, ouvi e senti, enquanto pensava.
Minhas palavras me escapam, elas mesmas me esquecem,
Minha presença chove e deságua num rio com saudades submersas.
E o lixo dos esgotos dita que o mundo pode acabar;
E todas as vontades por ganância nos deixam num mundo sem lugar,
A levitar ou nadar ou boiar ou queimar.
E voamos sempre com pássaros negros,
Mas acreditamos em
Esperanças claras
Para um próximo vôo de renascimento.
E somos tão tristes, embora sem consciência,
Julguemos-nos felizes.
E somos tão alegres, embora sem consistência,
Julguemos-nos tristes.
E somos mais que tudo isso.
Desde o início...
Fim?
Junho/2006