Quarta feira cinza

Quarta feira chuvosa e eu me atolo nas tantas poças d´água,

Sinto a dor e o prazer por entre a lama e as palavras,

Que eu, com desatenção dolorida, ouvi e senti, enquanto pensava.

Minhas palavras me escapam, elas mesmas me esquecem,

Minha presença chove e deságua num rio com saudades submersas.

E o lixo dos esgotos dita que o mundo pode acabar;

E todas as vontades por ganância nos deixam num mundo sem lugar,

A levitar ou nadar ou boiar ou queimar.

E voamos sempre com pássaros negros,

Mas acreditamos em

Esperanças claras

Para um próximo vôo de renascimento.

E somos tão tristes, embora sem consciência,

Julguemos-nos felizes.

E somos tão alegres, embora sem consistência,

Julguemos-nos tristes.

E somos mais que tudo isso.

Desde o início...

Fim?

Junho/2006

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 29/09/2011
Código do texto: T3247291