O TEMPO
E é sempre o tempo
o devorador de homens
que está ali, na janela,
a espreitar a vida
e os mistérios
e os amores
todos e quase nenhuns
E é sempre o tempo
a armadilha perfeita,
o prenúncio, a enseada,
sorrateiro ou não
amedrontador ou não
A juventude e as mãos no mundo
os olhos e tudo o que fi visto
a boca e tudo o que foi falado
e o corpo, testemunho dos fatos,
anda sobre os trilhos de um trem
que nem mais existe...
mas anda
O tempo
o tempo e o poeta
e as folhas e as palavras
o tempo
o tempo e a memória
quebrada, cortada ou inexata
o tempo