O mito da caverna

Quem nesta penumbra fria sois vós?

Que me vislumbras em mistério os olhos,

Que me tomas por vezes em molhos,

E me acalantas outrora em branda voz?

Quem neste plano insólito somos nós?

Sabeis as respostas da minha agonia,

Pois sois origem, sois vós harmonia,

E fazei-me quimera num tempo atroz.

Sois vós o que sinto ou sois o que vejo?

Fazei-me sabedor da absoluta verdade,

Dizei-me dos bichos, plantas, da variedade.

Tirai-me a ignorância que percebo no ensejo.

Dizei-me a razão da nossa razão,

Que por tanto sabê-la sei não saber,

E agora me resta um profundo querer,

Na tez da verdade pousar minha mão.

Dizei-me tudo senhor, dizei-me então,

Que a doutrina inculta exauriu-se no mar.

Dizei-me o caminho que já vou te buscar,

Que sois vós da caverna, a saída, o clarão.

CarlosViana
Enviado por CarlosViana em 23/09/2011
Código do texto: T3237442
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