NADA QUIS, POR ISSO AMEI

Não sei se penso ou sinto.

Sou das águas o largo mar.

A mim próprio me minto,

se falo de mim, por achar.

Em momentos de emoção,

dos outros sou o começo,

negando-me à triste solidão,

com a qual me esmoreço.

Alma minha, quem a gerou?

Imenso oceano a desbravar.

Tudo em mim se olvidou,

e no ontem vive, a se lembrar.

Recordar é como adormecer,

à sombra, duma sombra vã.

E vive-se, apenas de viver,

sem que vejamos o amanhã.

Assim, escrevo à minha sorte…

e como nunca nada desejei

nem temi o espectro da morte,

sobreveio a felicidade, e amei.

Jorge Humberto

21/09/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 21/09/2011
Código do texto: T3232535
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