Guerras internas
Minha poesia sempre foi um barril cheio de pólvora e dúvidas.
Sempre vi o poema como uma descarga de observação e existência.
Pode ser a vida do palhaço, do pedreiro, do auxiliar administrativo.
E pode ser minha própria vida.
E antes de tudo, a vida dos meus amigos,
A vida dos tijolos rachados, esquecidos em paredes condenadas,
A vida das larvas, dos musgos, dos bancos de praças,
A vida dos meus cigarros poluentes, das palavras incoerentes,
Das milhares de digitais nunca identificadas.
A vida inflamada pelo amor sempre em guerra,
A guerra inflamada pelo amor sempre em vida,
O amor inflamado pela vida sempre em guerra,
A guerra de um amor inflamado pela vida.