Guerras internas

Minha poesia sempre foi um barril cheio de pólvora e dúvidas.

Sempre vi o poema como uma descarga de observação e existência.

Pode ser a vida do palhaço, do pedreiro, do auxiliar administrativo.

E pode ser minha própria vida.

E antes de tudo, a vida dos meus amigos,

A vida dos tijolos rachados, esquecidos em paredes condenadas,

A vida das larvas, dos musgos, dos bancos de praças,

A vida dos meus cigarros poluentes, das palavras incoerentes,

Das milhares de digitais nunca identificadas.

A vida inflamada pelo amor sempre em guerra,

A guerra inflamada pelo amor sempre em vida,

O amor inflamado pela vida sempre em guerra,

A guerra de um amor inflamado pela vida.

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 21/09/2011
Código do texto: T3232523