" ONTEM ME ENCHARQUEI DE MEL "
Ontem me encharquei de mel,
usei a luz dos pirilampos, enraisei
sentimentos, quis ser passarinho,
exultei com a canção de ninar
e com a insistência dos grilos,
subi em árvores, enterneci-me
com a lua, de pés descalços
pisei a terra, juntei a comoção
de um eterno seio onde se encontra
a fonte da vida. Ninguém se apegou
à malha rota e à sombra desolada.
Hoje estou distante do amargo,
por guardar-me do inexprimível nada,
para iluminar de imenso os portões
dos olhos.Mas não me peçam a chave
do ignoto.Ninguém a tem! Sabemos
apenas de um canto que arrebata
e da sílaba que encerra um verso
e nada mais!