" SURREAL "
ESPERAREI O OUTONO
Como se o sol não
nascesse amanhã,
e a noite de hoje
não terminasse,
a chuva nunca molhasse,
como se a pomba
não arrulhasse
e a manhã
não se cobrisse
de névoa,
também
as dores nunca se curassem,
esperarei o outono
em que me veria
em sonho de ser outro,
amanhã dentro de um mundo igual.
Busco alento
se ela me olhasse
e inspirado ficaria.
Um lírio de plástico,
encardido com haste mergulhada
em água salobra
me lembra que se vai deixando
a esperança no hálito
do momento numa
instantânea aurora,
impiedosa e para empre morta.