Reedição: " A DAMA DA JANELA"

O seu mundo é a janela, em torno dela

o mundo parte sem parar. Não lhe falta

o sonho ao coração, nem ilusão à alma.

Veste a blusa de seda, penteia os cabelos,

pinta os lábios e sorri para quem passa.

Que sonhos ainda terá a dama da janela,

que de não ir nem vir, guarda a aparência

de os sonhos ainda os ter, e o não sabendo,

invento-lhe algum sentimento guardado

e que lhe baste, e a dama que de não ir

nem vir além da porta, recosta-se e sorri

com a fantasia de meus olhos de janela.

Quando chega a noite, ela ainda pede

um cheiro de jasmim com o brilho

do pó das estrelas que dançam na réstia

da lua que banha a esquina. Ela teme!

Como ela teme morrerem as flores da janela.

Com a ponta dos dedos desenha no suor

do vidro

um minúsculo coração trespassado por dardo

solitário.

O raio de luz da lua vem alvo e acorda suas lágrimas

e todo o pó de sua alma. A lua rotunda embriaga

com o doce aroma das flores orvalhadas. E assim

permanece a dama postada atrás da vidraça

desenhada, a bailar a sua doce alma na solidão

da janela.

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 08/08/2011
Reeditado em 09/08/2011
Código do texto: T3146961