Reedição: " O TEMPO DAS CEREJAS "
Às vezes volta o tempo das cerejas!
Os dias que voaram na brisa
que beijou a pele. "Sabes?
Por vezes fica nos lábios
o rubor do sangue como se
tivéssemos mordido o amor."*1
Comoção carnuda, melro, flores
e calor, sabor atemporal,
do tempo da felicidade.
Ao anoitecer, mulher e homem virão
para o sabor das cerejas
pousadas em suas bocas.
No tempo das cerejas não há,
nem dor nem sofrimento,
só o demasia dos caroços
das cerejas que pintaram os lábios
com um vermelho rubro.
*1 Cecília Meireles.