avesso às leis do (a)mar
Não fuja da noite anseio sufocante.
O dia se estende como rede de corais.
Nada além disso. Nada.
É preciso ser forte para recolher a rede.
O anúncio de escassez não vem de hoje.
Não é prematuro.
Prematura é nossa vida
calibrada pelo intransponível.
Mas é preciso ser forte. E nos sabemos fracos.
É preciso de muito. Somos pouco.
Nossa luz nos olhos não ajuda nas trevas.
Nossa luz pirateada. Contrabando.
E como por tudo um dia se paga,
Apaga-se a chama. Nos apagamos.
Mediante a que propinas queremos anistia?
Nosso ouro é de tolo.
Somos desprovidos do que possa agradar.
Não fuja da noite anseio sufocante.
Como perduraria tão assim
avesso às leis do mar?