"O RELÓGIO MECÂNICO "
Fosse uma ampulheta,
bastaria invertê-la
que se faria coisa útil,
mas é um relógio mecânico
de dar corda, desses de parede.
Nada sinto ao dar corda no relógio
e percebo no seu tic-tac
que ambos, relógio e eu,
somos como o espaço e o tempo.
O tempo não caminha para o esgotamento,
apenas para um desejo de sono,
um mal sonho e por isso,
não tenho por ele nem temor nem admiração.
Este deserto por onde passamos
é a antecâmara do nada.