Soneto de Sangue em Amor e Ódio.
O ódio, morfinicamente no meu sangue é...
O sangue, grosso carmim de voluptuosa ira.
Meus ossos, que me mantem ironicamente em pé,
Já tremem-se, que até aos ossos o sangue tingira!
Teu rosto, desagradável face que teima em ser
a lembrança mais viva a perturbar as tristes horas...
Ficou gravada em meus pensamentos de mal-querer,
hóspede mental funesto, que não quer ir-se embora!
O amor, que transforma-se em ódio feito água em vinho,
o carmim do sangue que borra os beijos e os carinhos,
derramam-se inteiro de um coração sem vida alguma.
E estas rimas toscas que derramam-se, de uma a uma,
acomodam-me os sentidos do ódio e do amor,
da desgraçada sina de ser sangue, de ser dor.