Aos poetas
Poetas,
Poetas de todas as idades
Poetas definidos ou difusos,
Poetas de versos simples ou confusos,
Poetas vizinhos ou de outras cidades,
Poetas sem nome,
Poetas que a solidão consome,
Falsos poetas,
Ou poetas de verdade...
Poetas que cantam o corpo,
Poetas chorosos,
Poetas de veleidades,
Céticos, odiosos,
Ateus do mundo e das divindades!
Poetas incultos,
Distantes da poesia,
Poetas de todas as nacionalidades,
Poetas de versos caducos,
Poetas de todas as etnias,
Poetas de ocasião,
Poetas da noite e do dia,
Poetas da vulgaridade,
Poetas vendidos e comprados,
Poetas das veras agonias!
Ensinai-me a penetrar
Nesse mundo
E colher uma alegria!
Poetas!
Poetas da sapiência,
Tolhedores dos versos mal escritos,
Oh sumidades da poesia,
Deixa eu olhar um poco
Vossa grandeza!
Oh poetas da densidade,
Poetas mortos à imortalidade,
Qual o cheiro de vossos versos?
Poderia eu,
Acompanhado de uns amigos decadentes,
Pôr um verso vosso em nosso epitáfio,
Poetas de grande sabedoria?!
Oh inventores
Deixem-me lamber vossas sandálias!
O que é preciso?
A que circo se deve pertencer,
Que cara se deve ter,
De que mundo é necessário ter vindo,
Para que se tenha permissão
De mirar vossos olhos reluzentes
Apenas por um momento?!
Oh poetas de infinitas profundidades
Põe com fogo,
Na minha testa,
O autografo de tua arte!
Cheguei tarde,
Na minha pequena cidade
Não há um livro,
Pobre que seja,
Onde se estampa o teu nome...
Oh poetas divinos,
Deuses modernos,
O meu povo aculturado não vos conhece!
Mas eu, eu que tive a sorte
De sabe notícias
Que vos viram passar
Em alguma estrada
Agora sei o que é poesia!
Poetas,
Extra-humanos seres,
Porteiros da nova arte,
Agora sei o caminho!
Oh noite miraculosa,
Amasse a voz,
Não me deixe gritar,
Afaste de mim qualquer desejo
Que não seja autentico!
Oh escuridão quebra-me os dedos,
Apaga, apaga para sempre
Dessa existência o borrão que sou,
Pois agora vi a perfeição,
Os juízes da Humanidade!