O Crime de Renato.
Sujastes de sangue as mãos
ao matar-me o coração
dentro do meu próprio peito!
Pensastes crime perfeito,
mas que ledo e triste engano!
Tu erras em ser humano,
gauche, de qualquer jeito!
Sujastes as mãos de graça,
porque o tempo, logo passa,
e tudo tem solução!
Comprei novo coração,
costurei com linha quente,
é este bem mais vivente,
bem mais cheio de emoção!
As emoções do veneno
da vingança, tão ameno
às minhas dores e chagas...
Da tua filosofia vaga,
crês ter eu perdoado
teu crime, bem consumado,
mas garanto que me pagas!
Agora, é meu o trabalho
de arrancar teu órgão falho,
que a ti não tem serventia!
Ah, Renato, quem diria!
Pro inferno, vou sozinha,
mas o coração que tinhas,
levo comigo, e retalho!
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