TAMBORES DE SENZALA
Tião Venta-Larga cravou a adaga
No chão do terreiro
Inté a pontiaguda não mais parecer...
E com as mãos tremulas
E o pé encharcado de barro
Então disse:
Não sei se pra bicuda...
Ou se pra cabocla Terê:
Quem manda aqui sou eu!
A grossura da voz do Venta-Larga
Foi demais de grande...
Que o Santo Guerreiro
E o Preto-Velho
Se misturaram no barro do chão...
Terê olhou nos olhos do homem
Requebrou as cadeiras
E com a boca escancarada gargalhou
E gargalhou
Gargalhou...
Girou as partes sete vezes
Cantou um ponto sete vezes
Rodou sete vezes sua renda pespontada
E com as pernas arreganhadas
Fitou bem nos olhos do cabra...
Apontou-lhe o dedo na cara
E lhe gritou:
Tião!
Ô Tião...
Tião tu pode mandá em tudin
Mais aqui...
Bem aqui...
Óie bem pra minha buçanha!
Sinhô manda não!