TAMBORES DE SENZALA

Tião Venta-Larga cravou a adaga

No chão do terreiro

Inté a pontiaguda não mais parecer...

E com as mãos tremulas

E o pé encharcado de barro

Então disse:

Não sei se pra bicuda...

Ou se pra cabocla Terê:

Quem manda aqui sou eu!

A grossura da voz do Venta-Larga

Foi demais de grande...

Que o Santo Guerreiro

E o Preto-Velho

Se misturaram no barro do chão...

Terê olhou nos olhos do homem

Requebrou as cadeiras

E com a boca escancarada gargalhou

E gargalhou

Gargalhou...

Girou as partes sete vezes

Cantou um ponto sete vezes

Rodou sete vezes sua renda pespontada

E com as pernas arreganhadas

Fitou bem nos olhos do cabra...

Apontou-lhe o dedo na cara

E lhe gritou:

Tião!

Ô Tião...

Tião tu pode mandá em tudin

Mais aqui...

Bem aqui...

Óie bem pra minha buçanha!

Sinhô manda não!

GuimarãesCampos
Enviado por GuimarãesCampos em 18/06/2011
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