(((((::::ROMEU E JULIETA::::)))))

Em nós, o ouvido, quase e, quase, o olhar

Buscam nas cores, vozes misteriosas...

O sol que, nele — o céu — está hoje posto

Já não reflete os lábios tão vermelhos

Que nos iluminam, sempre, o rosto.

O som — A poesia — quebra o vidro do dia como duma

cratera a voz do fogo lança os jatos do meu grito

_Ah! Não digas que não, quando a hora quer

Tudo então é verdade!

Colhendo nos dias essa irrealidade...

Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...

Do meu jardim — os altos girassóis

Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?

Não andes mais inerte, em poeiras adormecidas

o vento toca, em bandolins distantes — pára um instante —

tem mêdo do frio dos subterrâneos e acolhe-te em meus braços

Aquelas ruinas são o tumulo sagrado de um beijo guardado

com palavras lacradas e fechos de ouro a banha-las

armas reais — os minutos contorcidos —

em que lhe sonho mas não o tenho comigo

Nas areias ficaram as pegadas de um par que se beija.

Há mãos postas entre as flores a chorar sempre a mesma dor.

(texto dedicado à alguém especial)

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 04/06/2011
Código do texto: T3014208
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