Relato Póstumo.

Tu, que à vida carnal vislumbras,

não poderias, jamais,

compreender horrores tais

das entranhas de uma tumba!

Daquele nove de agosto,

as lembranças são escassas...

Culminou-se a tal desgraça,

e por morto fui suposto.

Quando recobrei o tino,

achei-me na escuridão

absorta de um caixão...

Mas que trágico destino!

Desesperei-me afinal,

lutei, em vão, contra a morte...

E ri, da minha própria sorte,

do meu caminho mortal.

Depois, foi escuro e só;

o ar que tinha, acabou.

Já um ano, e o que restou?

Ossos, cabelo e pó.

Se ainda vives, mortal,

guarda bem este relato...

Vigia teu corpo ingrato

da desgraça sepulcral.

Lola Viki
Enviado por Lola Viki em 01/06/2011
Reeditado em 03/11/2011
Código do texto: T3008686