Relato Póstumo.
Tu, que à vida carnal vislumbras,
não poderias, jamais,
compreender horrores tais
das entranhas de uma tumba!
Daquele nove de agosto,
as lembranças são escassas...
Culminou-se a tal desgraça,
e por morto fui suposto.
Quando recobrei o tino,
achei-me na escuridão
absorta de um caixão...
Mas que trágico destino!
Desesperei-me afinal,
lutei, em vão, contra a morte...
E ri, da minha própria sorte,
do meu caminho mortal.
Depois, foi escuro e só;
o ar que tinha, acabou.
Já um ano, e o que restou?
Ossos, cabelo e pó.
Se ainda vives, mortal,
guarda bem este relato...
Vigia teu corpo ingrato
da desgraça sepulcral.